Diários de um ex

  Quem me conhece sabe que não sou das pessoas mais emotivas, eu não me sinto muito confortável com excessos de abraços e beijos, principalmente de pessoas com quem tenho pouca ou nenhuma intimidade e desconhecidos, e também sou do tipo sem tato que acaba sendo um pouco grosseiro e um tantinho seco naturalmente, eu sou bem real e um tanto sem filtro, sincericídio é meu modo de viver, mas esse não é o tópico de hoje.   Eu acredito que essa falta de intimidade ao toque, obviamente vem um pouco do meu modelo de personalidade introvertida, mas a maior parte dela correspondente ao típico comportamento social de banalizar as demonstrações de afeto, eu aprendi desde cedo que o toque revela interesse ou intenções diversas e por isso aprendi a evitá-lo a ponto de não ser mal entendido por quem é meu receptivo e convivente, um erro natural, que acaba por influenciar algo nas relações, acredito que essa evitação acaba por minar e atrasar o desenvolvimento das relações. ...

  Quando você pensa em padrões e leis de comportamento, você já se pega fazendo comparações do que é ideal pra você e do quanto você está dentro do que é exigido socialmente, corpo, fala, ideias e conhecimentos parecem ter pré-determinações e assim você segue um ritmo cruel de definições sobre quem você é, com o como você devia ser, começa a se modificar não só pelos seus desejos, mas também pelos moldes que alguém joga sobre você.   E é claro que a insatisfação toma conta, em um mundo que muda a cada segundo é impossível atingir todos os objetivos que deixamos que os outros coloquem em nós, ser interessante, politicamente correto, se alimentar de forma saudável, mas também comer um dogão com os amigos pra não ser o "chatão", namorar logo, ter vida social ativa, ver séries, mas não muitas, pra não ser taxado de desocupado. Como que você vai conseguir atingir tudo isso, se as vezes nem gosta de fazer metade dessas "obrigações"?  Você vai se sentir for...

  Você também já deve ter falado sendo subversivo, colecionado gestos e expressões faciais intensas esperando que o outro te interprete e acabe por perceber o que você realmente quer dizer com tudo isso. Então... nós estivemos fazendo isso errado o tempo todo, pois esse jogo que realizamos esperando que a pessoa perceba nossas intenções e falas reais, ou seja intérprete o óbvio, é idiotice, desculpe ser eu quem vai lhe falar isso, mas "o óbvio não existe!". Te tranquilizo aqui, pois deve ser uma espécie de fenômeno social endêmico , por isso não se culpe, todo mundo em algum momento cai na ilusão de achar que todos tem conhecimento sobre as informações básicas ou que a intimidade é suficiente para as pessoas passarem a ler nossas mentes, mas podemos mudar isso em um pequeno passo e vamos com calma, que entender esse mal-entendido é um pouquinho complicado e vai necessitar que refaçamos algumas de nossas crenças cristalizadas sobre intimidade e relacionamentos.  Va...

  A realização pessoal que sempre buscamos é a de que temos de melhorar sempre, procurar evoluir tanto em conceitos e crenças, quanto como um indivíduo social, emocional e intelectual, a comoção atual é de que libertação e liberação são as moedas que irão fazer o mundo seguir em frente e longe de mim discordar disso, só que existe um porém e esse porém é a dificuldade que temos em mudar nossas ideias cristalizadas e o incômodo gerado por essa necessidade de readequação da opinião imediata.  Novos conceitos tem surgido e discussões que até então estavam adormecidas correm preenchendo nossas mídias sociais, hoje se fala mais de sexualidade, identidade de gênero, sexo, política, movimentos sociais, direitos civis, saúde mental, comportamento e outros muitos tópicos interessantíssimos, mas em meio a tantas revoluções que acontecem em tão pouco tempo e que exigem que formemos uma opinião para adentrar as discussões, nos vemos perdidos e por vezes afoitos em criar...

  Acredito que desde os primeiros anos da infância existe algo que nos é ensinado e que se torna tão intrínseco que levamos para o resto de nossas vidas sem ao menos perceber esse potente influenciador. Esse ensinamento é o de planejamento , dos primeiros momentos da infância onde estudar "para ser alguém na vida" já nos é imposto indiretamente, até as decisões de futuro profissional e futuro familiar, tudo tem de ser planejado em seus mínimos detalhes.   E eu não considero que isso seja ruim, mas como tudo na vida tem de ser feito de maneira equilibrada, considerar quais passos devemos tomar ou realocar alguns momentos da sua vida para parar e refletir aonde você deseja chegar, é sempre uma iniciativa sensata, só que dedicar praticamente todo seu tempo em planejar e cumprir metas e planos, é assinar um contrato com as suas dores de cabeça e com as frustrações das mais variadas maneiras.   Como boa pessoa com vários desgraçamentos da cabeça, eu tenho uma cert...

  Quem não gosta de ter alguém com quem pode contar, compartilhar companhia e estar ciente que suas confissões estão bem guardadas, alguém pra dividir momentos, escrever histórias e levar consigo na caminhada da vida, a essa categoria específica de pessoas nós damos o nome de "amigos", são aqueles que transcendem os laços pré determinados e tornam nossa vida um tanto mais agradável, seja por acompanharem a nossa ou dividirem sua história conosco.   Porém existem limites na maneira de compartilhar momentos e situações da vida, e esses limites para um bom amigo existem sem que se precise da fala para eles serem estabelecidos, pessoas com certa sensibilidade sabem até onde podem e devem intervir na vida dos outros, mas em algum momento da sua vida você vai encontrar quem não respeite esses limites, o tipo errado de amigo, o tóxico .      Essa criatura tóxica vem em várias formas, colega de trabalho, conhecido de infância, colega de faculdade ou curso...

  De tempos em tempos eu sinto uma necessidade absurda de ficar sozinho, sabe, é um daqueles momentos em que quanto menos contato social melhor, cobertas, livros, séries, hobbies no geral, viram meus melhores companheiros e a presença de outra pessoa, acredito eu, estragaria o clima que eu mesmo crio para esse ritual de "insight", gosto de estar comigo mesmo e só isso me basta, claro que não sou o tempo todo assim, mas grande parte dos meus momentos preferidos eu vivi sozinho e bem felizinho .   Hoje eu escrevo pra retaliar essa mania que as pessoas tem de demonizar a solidão, sair com os amigos, namorar, casar até certa idade, festas e afins, viram uma tal obrigação social que chega a ser problemático pro nosso psicológico, nesse contexto, pra "ser feliz" você precisa estar acompanhado e ponto, mas eu acredito fortemente que os momentos sozinhos são os que fortalecem a nossa essência, quando você pode pensar por si só, sem influências, você fala com a p...

  Eu e o cansaço nos tornamos amigos íntimos nos últimos anos, trabalho, faculdade, artigos, estágios, perrengues, todos tem me consumido integralmente, eu acordo cansado e vou dormir cansado, pense que nos fins de semana eu estou morto e quando recebo convites para sair, a primeira imagem que me vem a cabeça é a do meu cobertor, acabo recusando quase tudo, porque sei que um convidado bocejante não é exatamente algo animador e espero que as pessoas me perdoem por furar os rolês, mas gente eu não o faço por mal, eu faço por sono mesmo.   Acredito que estar cansado é um novo estado de espírito nos tempos atuais, se você está energizado e descansado, o status social te cataloga como desocupado ou como alguém que não está usando todo o seu potencial, afinal se você tem energia de sobra, pode produzir muito mais, "Se você não é  um entidade multitarefas provavelmente tem algo errado com você, está na hora de rever sua vida e suas prioridades" , Não, obrigado! Eu g...

  E mais uma vez venho falar de relacionamentos, se eu parar pra analisar direitinho é a única área da minha vida que eu perdi o controle totalmente, se trata de "um quero, não quero infinito", mas o tópico não sou eu, somos nós! Quando algum conhecido trás a seguinte frase aos meus ouvidos "Ahhhh ,a gente não deu certo" eu sinto uma pequena pontada e guardo o ar para não pirar um pouquinho, afinal términos são sempre ruins e me irritar com alguém nessa situação só pioraria tudo.   Mas antes que você pense que eu sou um escrotinho que não liga pros sentimentos alheios, deixe eu me explicar, eu sempre acreditei que relações tinham mesmo um fim e que existia isso de "nós não demos certo", porém tive algumas experiências que geraram resultados positivos em mim e espero que também nas pessoas com quem me relacionei, junto de conversas importantes regadas a cappuccino me deram a noção de que pessoas não podem e não devem dar certo ou errado, seja em...

  Um dos maiores assassinos da minha autoestima é e sempre foi a expectativa que crio para as diferentes situações que eu vivo, porém não acredite que são somente expectativas bobas que visam experiências boas e situações imaginativas de finais felizes, algumas delas são expectativas que afrontam todas as possibilidades de eu tentar algo, já falei antes de "desistir, sem nem ao menos tentar", mas isso vai além, digamos que eu viva uma situação que pode render frutos futuros, mas a mania abrupta de criar expectativas e imaginar como a história vai ocorrer no futuro, sempre me leva para conclusões e me faz  entrar em um redemoinho de pré-decepções.   É um liberalismo de ideias imbecil, eu vivo os momentos antes de realmente vivê-los, é ai que entra um assassino de futuro chamado receio, sabe quando você já está em um estado massante e totalmente cicatrizado dos acidentes da vida, o que exatamente você faz? Isso mesmo, evita reincidir nas situações que causaram as...

  Qual a probabilidade de você ser surpreendido hoje? Eu adoraria saber calcular essas chances e estar ciente dos possíveis dias em que alguma coisa boa poderia acontecer, não ia ser maravilhoso acordar em uma bela manhã e saber que possivelmente algo ótimo te aguardava no decorrer do dia? Eu acho que até começaria o ano melhor, se pudesse prever as coisas dessa maneira.   Saber que algo bom nos espera no futuro, é o que nos move, nos traz motivação pra encarar as duras realidades do dia a dia e nos faz acreditar que a tão desejada recompensa está logo ali. Então vem comigo aqui nesse barco louco que eu criei na minha mente, hoje eu vivo de acreditar, de ter esperança, de esperar que os dias ruins acabem e de aguardar os momentos bons da vida e no fim não me arrependo nenhum pouco, eu agora tenho fé de que as coisas irão melhorar e não tenho pressa para que esse instante chegue.   Acontece que ultimamente eu desisti de criar expectativas, coisa que cá entre nós, ...

  "Você tem que se dar a liberdade" é um dos meus mantras, talvez um dos que eu mais esqueça de utilizar, mas ainda assim ele revive as vezes e reside em algumas partes do meu cotidiano, ele veio de uma realização interna, a de que eu devo me arriscar, tentar coisas novas, ousar em alguns momentos, ter a abertura pra falar algumas besteiras e também pra ser uma pessoal mais condizente com o meu "eu" interior. Eu não devo me amarrar, tão pouco deixar de realizar algumas tantas vontades.   Pode parecer algo óbvio, nós temos que estar livres, é o que a humanidade busca, mas sem perceber acabamos por nos tornarmos prisioneiros, não de barreiras físicas, mas prisioneiros de conceitos e intervenções sociais, quantas vezes você desistiu ou adiou uma atitude que iria tomar ou alguma atividade que gostaria de fazer, apenas por medo do julgamento alheio. Cancelou aquele encontro, porque é óbvio que seus amigos não iriam simpatizar com aquela pessoa, desistiu de usar ...

  A frase que eu mais amo falar para meus amigos ou conhecidos que vem a mim conversar sobre seus relacionamentos em declínio é "Nós aceitamos o amor que achamos que mereceremos", ela vem do filme As Vantagens de ser Invisível e sinceramente é um dos marcos da minha vida, criando uma nova perspectiva no que eu acreditava ser o conceito de relações, paixões e amores, o efeito dessa frase na minha vida foi intenso e evolutivo, por isso sempre gosto de compartilha-lá.  Mais uma vez eu volto a falar de vidas que se cruzam, relacionamentos sempre foram o meu ponto fraco, geralmente é onde eu peco mais, seja por insegurança excessiva ou por burradas aquém, uma relação nunca se parece com a outra, mas no fim todas acabam da mesma maneira. Sorte que sempre podemos tirar algum aprendizado das pessoas que passam por nós, seja para nos espelharmos ou para aprendermos a não ser como elas.  Porém o que trago hoje é esse fator de insistência, por que gostamos tanto de...

  Sabe aquele momento em que a gente começa a olhar pro passado e ver o quanto mudamos em relação a tudo que já fomos um dia(estou em um desses momentos), isso em todos os sentidos, aparência, maneira de agir, visão de mundo, conceitos e ideias, eu que já fui uma pessoa um tanto mais tímida e que não falaria a não ser que alguém iniciasse uma conversa, meio que sou uma prova viva disso, agora que não calo mais a boca, a partir do momento que ganho um tantinho de intimidade, e o que mais me deixa pasmo com essas mudanças é que eu não notei o exato momento em que elas aconteceram, parece que eu sempre fui dessa maneira em que eu me encontro hoje, mesmo sabendo que essa não é a verdade.   E agora eu estou tentando resgatar de onde surgiu essa nova pessoa que escreve aqui, é bom destacar que escrever e mandar essas ideias para o mundo também é uma mudança que ocorreu em mim de repente, eu lembro que me expor, tanto em fotos, textos, conversas, quanto apresentações de tr...

  Quando resolvemos nos envolver com alguém e buscamos nisso a possibilidade de começar a história de uma relação, o que mais nos toma tempo útil é a insegurança, vamos ser sinceros aqui, todos nós temos medo de deixar todas as defesas baixas e que no fim isso só nos leve a ganhar alguns cortes profundos na alma de amante que todos temos, mesmo sendo a primeira paixão ou a sequencial de muitas, o medo é o mesmo em todas as vezes. É com pesar que eu te conto que isso é natural, porém totalmente fútil, quando você se sente pronto pra iniciar essa troca de sentimentos, as suas defesas já baixaram, mas você nem percebeu e já não vai adiantar bancar uma grande muralha, você só está se enganando e sofrendo antecipadamente por criar expectativas negativas.   Se você é inseguro quanto a confiar, traição, amizades, passado, fale isso pra pessoa com quem você pretende se envolver, porque é impossível alguém adivinhar o que te aconteceu e em um descuido ela pode acertar logo o seu p...

  Durante a adolescência toda não vemos a hora de chegar os tão sonhados 18 anos e assim rumar para a independência, concluir os estudos, ter sua CNH, beber livremente(cá entre nós, fazemos isso bem antes dos 18), estar livre dos horários predeterminados pra chegar em casa, as vezes até o namoro só é liberado a partir desse ponto. Temos a forte idealização de que vamos nos tornar maduros e preparados através dessa numeração.   Triste ilusão, cada fase de nossa vida pede um grau de discernimento diferente e infelizmente não dá pra confiar nos números nesse caso específico, aconteceu de eu encontrar pessoas de 18 anos já responsáveis emocionalmente por si mesmas, dando ótimos conselhos e com uma visão de mundo infinitamente superior a minha e também houveram casos onde pessoas de 30 e poucos anos me encontraram aos prantos em busca de um help por conta de um relacionamento que deu errado(eu não acredito em relacionamentos que dão errado, mas isso fica pra outra ho...

    Não vou negar que o fato de eu ser canceriano(chegou o louco do Zodíaco), talvez seja a muleta que eu precise pra alegar que sempre senti tudo em maior intensidade, o que nos traz a ambivalência disso tudo, é ótimo poder sentir a intensidade das coisas boas que acontecem na vida, a sensação que tenho é quase a mesma de quando a gente começa a ficar bobo por causa da bebida alcoólica e erra as palavras ou ri sozinho por qualquer besteira, porém essa intensidade também me faz sentir as desgraças da vida em uma escala absurda de tristeza, do tipo em que a ansiedade e o medo de tudo dar errado é tão grande que eu acabo desistindo antes de tentar, ou aquele momento que a "bads" chega e se arrastar chorando na parede durante o banho não parece tão dramático e surreal que só poderia acontecer nos filmes.        Com a chegada da vida adulta(tá, a gente tenta ser maduro), eu fui sentindo a necessidade de parecer menos sentimental, como se que para ser...

   Vem aqui comigo, eu sempre fui uma pessoa medrosa, na infância o medo de qualquer coisa diferente da minha rotina já era o suficiente pra o choro vir a todo vapor: _Eu tinha medo de meu pai não ir me buscar no colégio no final do dia, chorava; _Eu tinha medo de trovoadas e tempestades no meio da noite, chorava; _Eu tinha medo de ser sequestrado por estranhos na rua, chorava; _Eu tinha medo de louva-deus, chorava.     Com os medos infantis superados(talvez o de ser sequestrado perdure até hoje, mas só talvez), a adolescência até onde eu lembro, me trouxe novos medos, pra citar só alguns: _Rejeição(Quem nunca?); _Insegurança com a aparência; _Preocupação com o futuro; _Os amores.     Pelo bem da nação essas coisas passam, a insegurança com a aparência volta as vezes admito, mas em grande maioria todos os medos vão sendo superados, qual o motivo de relembrar isso? Bom eu recentemente superei(em partes) meu medo de dirigir, sim, ...

     Já vamos deixar claro que o nome do blog não é uma referência a algum tipo de relacionamento que se passou, ou deu errado, o ex ao qual eu faço jus aqui é a pessoa que deixamos de ser a cada vez que terminamos um ciclo de aprendizados, que ai sim pode ser o fim de um relacionamento, uma amizade que rumou ao distanciamento, o final de um curso, ou vem cá, por que não aquela série que mexeu com o teu coração.      O ex que deixamos de lado com cada fase que passa, que se torna uma parte da personalidade constante que temos agora e que fica guardado na memória como "tinha uma época em que eu...",  é desse ex que eu falo aqui, dito isso quero trazer uma resignificação ao termo, mostrar que esse "ex" tão odiado hoje em dia por representar geralmente uma experiência que não rendeu bons frutos é exatamente o contrário disso.         Cada vez que abandonamos o peso do passado e nos reinventamos com as experiênci...