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   Como bom clichê de Humanas que sou, não poderia deixar de destacar que trabalhar com números e cálculos nunca foi meu grande trunfo, tão pouco me agrada, minha vibe é desconstruir paradigmas, militar, aplaudir a Lua (porque com esses 40º, o senhor Sol, não anda merecendo), ter umas conversas profundas e buscar entender a humanidade, obviamente me incluindo nela. Só que os romanos resolveram inventar as porcentagens e olha ai, não é que elas se encaixam muito bem em modelos humanos, então vamos para aquele mix de conceitos e referências.

  Vamos começar definindo que a vida é uma batalha pra que cheguemos aos 100%, que seria aquele nirvana onde tudo está ótimo, você está bem com seu corpo, sua saúde, os processinhos mentais em dia, o emprego estável, os boletos pagos, o ciclo social agitado, com um amor pra chamar de seu e um pet maravilhoso pra fazer histories (Aaahh, as prioridades), mas eu deduzo que sua fase Branca de Neve cantora, #gratitude e harmônica na natureza, já tenha passado, e que você também já sabe que esses 100% são utópicos e maleficamente inalcançáveis.

  Então meu convite é para que você não tente os 100%, que tal arriscar para algo um pouco mais imperfeito? Eu acredito que 97% é uma porcentagem decente, não é a perfeição, mas também não está tão longe, é um tanque quase cheio ou uma carga de bateria de celular bem satisfatória, se pararmos pra analisar bem, 3% não é um desfalque enorme ou você vai dizer que um desconto de 3% te satisfaz? Com a plenitude do 97%, sobra um tempo para você pensar mais sobre o outro, que também enfrenta essa batalha de porcentagens inalcançáveis, pra entender que tem dias que os 15% vão ser só o que você vai ter pra lidar com a rotina, que o seu sorriso meia-boca dos 50% vai acontecer e que alguns amigos vão precisar de umas porcentagens emprestadas e você deve pedir o mesmo de vez em quando.

  Recapitulando, o importante é estar ciente que a gente nunca vai ficar 100%, porque desde que nascemos, certas situações e até pessoas vão arrancando algumas porcentagens, se eu tivesse que definir o mundo, diria que ele é uma entidade um tanto invejosa e não suporta a ideia de ver todos felizes. A vida vai oscilar, você vai se desesperar, mas também há de se surpreender, por isso seja gentil com si próprio, entenda e se puder, amenize a dor do outro, porque um dia você já precisou de alguém que lhe acolhesse e talvez não o teve, se você pode ser o abraço perfumado, a palavra modificadora, o adulto que você precisou na sua juventude, não pense duas vezes, só seja! Não existe nada mais compensador do que sentir que você foi útil e pôde melhorar a vida de alguém, mesmo que seja só em 3%.