Eu não mando mensagem

   Não é de hoje, que vez ou outra aparece alguém dizendo que eu sumi, que não dou sinal de vida, que falo pouco sobre mim ou que esqueci dele ou dela. Confesso que pra mim esse tipo de situação ou cobrança é um tanto cômica, mas nem pense que estou julgando ou diminuindo a reciprocidade afetiva, baseada em frequência de mensagens ou contatos. Eu vou explicar como funciona pra mim e como eu fico muito confortável e preguiçoso vivendo assim.



 Confortável, porque eu realmente não me preocupo em dar continuidade em conversas virtuais ou sinto alguma necessidade de as responder rápido ou de imediato, os aplicativos estão ali para serem usados e não para me fazer escravo de suas notificações, tirando algo que envolva minha responsabilidade profissional, tudo e todos, podem esperar. Nessa dinâmica, acho que dá pra notar que praticamente não se cria ansiedade nenhuma, bom ao menos não em mim, triste do interlocutor do outro lado, se ele tem pressa, mas muito feliz para mim, que sou paz em meio a esse processo.

  Preguiçoso, porque meus afetos se arrastam por meses assim, eu realmente adoro as redes sociais (inclusive me expresso baseado em memes ou referências, amo/sou), mas o que eu gosto mesmo é de uma boa conversa sentado (sim sentado, porque passou de 30 minutos minha coluna pede ajuda) em um lugar qualquer, com ou sem bebida (preferencialmente com...), que perdure por horas a fio e é ali que você vai descobrir quem eu sou. Nunca que me sentiria representado em alguns caracteres dados por mensagens, você precisa ver minhas expressões, a timidez (ou a total falta de vergonha) e o desenrolar do vocabulário, para contar quantas vezes eu quebrei a cara e ainda consigo rir disso, o encontro tem que ser orgânico e nem precisa ser rotineiro ou frequente. Se a pessoa tem pressa, acaba que se desinteressa, ai ambos nos poupamos, quem tem pressa vai atrás de outro leitor e eu nem gasto meu afeto preguiçoso que só acorda com um bom papo, cara a cara. Entendo que meu modelo em lidar com o virtual me faz bem, mas também sei que pode ser mal interpretado, acontece.

  Enfim, é um texto só pra destacar que é desse afeto preguiçoso que eu gosto, que se estende por meses a fio, sem precisar ser assoprado pra acender de novo. Nunca precisei do "Bom dia" no dia seguinte ou do "Como você está?" no meio da semana. Pois quem já me pegou pra papo, sabe que eu sempre estou bem, tirando o que está ruim e que para mim todos os dias são bons, porque nos péssimos, ou eu ajudo ou sou ajudado, então fica tudo bem, também. Acho que o mais importante é saber que eu não mando mensagem, porque sinto que quando a gente se encontrar, eu vou tratar de ser a mensagem e espero que você também. Aprende a ter afeto preguiçoso, é bem gostosinho.

Nos vemos depois da quarentena!

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