Sim, mas só se eu disser...

  Não é de hoje que eu noto que existem certos comportamentos, respostas e pensamentos que são considerados uma afronta aos modos costumeiros que as pessoas interpretam o que você deve pensar de si mesmo, o conteúdo da sua fala tende a ser levado a dar respostas já esperadas pelos outros, sem falar da pressão social que está disfarçada de perguntas cotidianas e corriqueiras, mas que guardam um grande significado oculto, ressalto aqui que toda fala tem um significado e uma representação, só é necessária uma boa olhada analítica.



  Não preciso falar que meu próprio discurso, redigido aqui tantas vezes, já vem representando um conteúdo que eu defendo ou acredito, e isso é algo próprio dos discursos mesmo, o ponto que vou destacar hoje, está ligado ao modo como as pessoas tendem a julgar que suas respostas devem ser agradáveis aos ouvidos delas e não agradáveis ao que você pretende para sua vida e do entendimento do que é certo e bom para você.

  Digamos que alguém venha e lhe pergunte: _Você é feliz? É inegável que as pessoas esperam por uma resposta positiva, isso em um contexto de pouca intimidade ou neutra obviamente, seus amigos e familiares sabem das suas tristezas, então isso facilita se uma resposta negativa surgir, mas existe uma certa pressão social para que você se sinta feliz e aparente estar bem. Mas em contraponto existe outra pergunta: _Você se acha bonito? Nela as pessoas esperam por uma resposta negativa ou no mínimo um pouco degenerativa, se você disser que se acha bonito, é como uma afronta as outras pessoas e isso serve para outras qualidades também. Aqui surge o paradoxo, você obrigatoriamente deve ser feliz, mas não pode gostar de si mesmo a ponto de ressaltar suas próprias qualidades, ou seja, você tem de ser feliz, mas com o ego diminuído ao que o outro acha aceitável.




  E tudo piora quando a negativa da felicidade surge e as pessoas justificam: "_ Nossa, mas porque você não é feliz? É uma pessoa tão bonita, criativa e inteligente" e ai fica evidente que você tem qualidades, mas elas só existem e são aceitáveis quando é o outro que assimila elas a você, você é legal sim, mas só se eu disser isso. E olha que existem todos uns movimentos de auto-aceitação, body-positive, transições e afins, mas fica bem evidente que as pessoas só aceitam a sua felicidade, se ela não for maior ou melhor que a delas e isso tem de ser mudado, a felicidade tem de ser em conjunto, compartilhada e aceita por outros, não tem como encontrar a felicidade em si, se você não consegue gostar e ver a felicidade do outro.

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