A de Autoamor
Conversando com uma amiga esses dias, chegamos no ponto crucial de verificar que nós dois juntos, em momentos sozinhos ou em outras rodas de amigos, quase nunca falamos de amor, mas não é porque desconhecemos o sentimento ou ainda porque estamos satisfeitíssimos com nossas vidas nesse quesito, acho que o movimento atual das pessoas e relações fez a gente considerar o amor algo batido ou romantizado e isso pode parecer um paradoxo ou uma redundância, mas eu vou explicar certinho o que entendemos a partir dessa conversa de amor romantizado.
Além de acreditar que o sentimento já esteja banalizado ou se eu puder explicar de um jeito mais simples manualizado, é como se as pessoas precisassem seguir certos passos para conseguir encontrar o grande amor de suas vidas, seja interessante, fale sobre signos, mostre projeção de futuro, ria das piadas, saia de casa mais vezes, aprende a dançar, faz academia, aceita os defeitos, pede desculpas, conversas com os amigos dele(a), faz aquele bolo e não que isso seja errado ou inverídico, mas entendemos que os passos pra encontrar o amor são alguns desses ai, mas também são bem mais que isso, não dá pra encontrar algo impalpável e transcendental, usando apenas de artifícios físicos ou inteligíveis.
O fato é que há algo esquisito no comportamento das pessoas em relação ao amor, elas querem facilidade nessa busca pelo amor, por isso tratam de seguir diferentes conselhos e sugestões, sabe aquela mãe de primeira viagem? Então segue essa linha de medo inconfortável, romantizasse a maneira certa de encontrar afeto, mas todos sabemos que o amor não tem jeito certo de acontecer, é erradinho e torto do lado esquerdo, já não se tem mais grandes conversas filosóficas sobre ele, porque aparentemente as pessoas acreditam que já o desvendaram em todos os aspectos, um erro fatal pra qualquer um que deseja imersão em sentimentos.
E por último existe essa necessidade de tapar buracos pros furos do amor, você acredita mesmo que não ficar sozinho é um passo certo no caminho da felicidade afetiva? As pessoas passaram a usar o interesse afetivo que os outros tem nelas pra substituir essa falta de completude que esperam encontrar com seu grande amor, lembra quando o chinelo arrebenta e você coloca aquele preguinho no fundo da borracha pra poder usá-lo por mais tempo? É isso que as pessoas vem fazendo, transformando o outro em um prego até encontrarem um chinelo inteiro novamente. Só que talvez seja um pé áspero de incertezas sobre o amor que sente por si mesmo que faça o chinelo arrebentar todas as vezes que começa um novo e longo caminho.
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